quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Desire!

Hoje eu acordei com uma vontade tão, mas tão grande de gritar ao mundo todas as minhas idéias, de correr sem destino certo para chegar, de olhar no fundo do olho das pessoas e enxergar a alma, a essência, a bondade, de contar todos os meus medos, as minhas expectativas, os meus grilos. Acordei com vontade de falar o quanto eu acho ridículo ter que passar por cima de tanta coisa só para ficar "tudo bem". Ficar tudo bem é o caralho! Não fica tudo bem quando se engole um desaforo, não fica tudo bem quando uma palavra é omitida, mas é mais cômodo, é menos arriscado. E hoje eu acordei com vontade de falar que acho isso tudo uma grande idiotice. Que acho mais ridículo ainda aquelas pessoas que falam que vão votar nulo porque o governo é uma merda, mas não fazem porra nenhuma para mudar alguma coisa e que não sabem nem o que estão falando, só que "tá na moda" ser uma juventude consciente. Ah, faça-me o favor! Acho tão ridículo ter que elogiar só porque é conveniente. Acordei com vontade de excluir um monte de gente do meu orkut e apagar um monte de depoimento. Acordei achando o cúmulo da falsidade chamar 540 pessoas de amigos. Não! Eu não tenho 540 amigos. Na verdade, tenho poucos amigos. Bem poucos! Acordei com uma vontade imensa de falar que acho tão besta gostar de uma coisa só porque é tendência, de falar que gosta de uma banda e conhecer três músicas da banda, de gostar de Los Hermanos porque é cool. Nossa, mas é muito ridículo. E eu acordei com vontade de mudar o mundo. Caramba! Como eu queria mudar o mundo. Mas eu não sei o que eu posso fazer. E eu sei que sentada aqui nessa cadeira escrevendo esse monte de bobeira eu não faço nada por ninguém, mas eu resolvi que vou fazer primeiro por mim. Quando eu estiver pronta, vou começar a fazer pelos outros. Vou salvar o meu mundo, quando estiver bem com o meu mundo, eu começo a salvar o mundo dos outros. É! Então beleza. Eu acordei com milhões de outras vontades, mas é que eu tenho que voltar a realidade. E tenho que entender que para salvar meu mundo, gritar meus medos, falar de coisas ridículas, exige muito mais que vontade. E, ah, apesar de tudo, eu sempre acabo me enquadrando nesses padrões que eu acho tão ridículo.