quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Só tinha dezessete

É, amigo, dizem que o tempo cura tudo, mas, sabe, eu não acredito muito não. Faz tempo que estou aqui esperando pela cura e nada. Nada de cura. Nem uma anestesiasinha que seja esse tal tempo me aplicou. Continuo aqui: eu e minha dor. Dor de que? Sabe que eu não sei, amigo? Mas dói. Deus! Como dói. E não passa. Perturba. Às vezes dói mais, às vezes menos. Eu queria entender também, amigo, mas não entendo. Dor de estar sozinho? Claro que não, amigo. Oras! Tá certo, tá certo, eu deveria ceder e pedir ajuda. Mas ajuda a quem? A você? Não, não, não vai funcionar. Não vai passar. E se passar? Ah, se passar, tudo bem. Mas e se não passar? Se aumentar? Não! Vou ficar aqui: eu e minha dor. Não é ser auto-suficiente, amigo, não me venha com esse papo besta, não vai me convencer. O que? Você tem quélqué choise de fascinante que pode fazer a minha dor passar? Tem? Não. Não vou fazer isso. É brega! Tudo bem. Mas só eu posso ouvir? Vou cantar bem baixinho, então.
(Strawberry fields forever, strawberry fields forever...)
Passou! Uau. Não é que passou? Realmente, amigo, foi estranho e bonito.
Agora vem, amigo, senta aqui ao meu lado, traz seu sorriso, suas histórias, seus encantos, uma garrafa de qualquer coisa e traz também aquele disco do Beatles. Não, não traz o disco. Deixa que eu canto pra você. Bem baixinho.
Não, amigo, não venha com essa história de um coração partido. Ok! Bye, bye, Jhonny.