segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sensação.

Olhar no fundo dos teus olhos, vasculhar o íntimo da tua alma, contemplar teu sorriso que me aquieta(va) e não me encontrar mais em nenhum canto da tua vida dói. Lembrei-me, então, da vez em que prendi o meu dedo na porta do guarda-roupas. Senti uma dor pungente, cruciante; era uma dor clara, uma dor tão inteira que ocupava todos os meus pensamentos - como tu ocupas meu pensamento, agora. Levei o dedo até a minha boca e passei a língua sobre ele, umedecendo-o, mas o calor da minha boca não foi capaz de suavizar a dor que eu sentia - como as inúmeras tentativas inábeis de apagar tua lembrança em mim. Fiquei quietinha, deitada com o dedo abraçado a mim mesma. Vivenciar a dor, naquele momento, não foi tão ruim. Foi bom perceber que a dor começava intensa e ia diminuindo - como tu vais diminuir em mim. A dor aparece inesperadamente como um raio, e vai embora lentamente como uma tempestade. Aliás, ela se foi deixando uma marca azulada sob minha pele, que no outro dia era verde; no outro, amarela; e, no outro, nem existia mais. Ela se foi sem deixar marcas - e acredita, boy, tu vais também sem deixar marca alguma!

E a cada vez que eu me lembro que meus olhos se apertam enquanto o meu sorriso se abre, meu coração se acalma e não há dor no mundo que me arranque essa felicidade. É! Não há!